As vezes tudo se mistura, tudo se enlaça e perde a forma original...


 

RELATO II

07/08/2017

É tudo tão relativamente ambíguo... sentidos se confundem, razões se perdem, mas não tem um dia em que eu não sinta desfalecimento por lacunas jamais preenchidas, pelas distâncias nunca amenizadas e pela saudade tão dolorida.

O tempo passa levando tudo, tudo o que não tivemos coragem de resgatar, de fazer, salvar... Ele controla o mínimo do destino, organiza caminhos, faz a vida ter seu seguimento... e se der na telha, afasta de forma permanente, para sempre. Às vezes, só as vezes ele une, fortalece sonhos, sentimentos, lugares e pessoas...

Tudo pode se resumir num cansaço permanente, numa demasiada entrega de energia, na diária desistência covarde... É tanta procrastinação pessoal, emocional, psicológica que a verdade é distorcida pela necessidade de conceituar mentiras. Basta! Basta de máscaras, de roupagens que não encontram cabimento...

Assumir o que somos de verdade é desafiador e nem sempre aceitável aos demais, sejam família, amigos... No entanto, a verdade está dentro de nós, gritando para sair, se livrar de amarras que nós mesmos criamos. A verdade é sentir. Sentir o que carregamos no peito, o que nos dói na alma, o que inunda nossos olhos...

Sentir é uma dádiva. Mesmo que doa, mesmo que sufoque, sinta... Sinta essa imensidão dentro de você... Sinta seu coração procurando consolo naquela sua música favorita, naquele filme que transborda sua alma... Ou naquele livro onde as palavras falam por você...

Independente do que vier, não tema sentir sua essência, sua verdade, sua existência. Seja forte para reconhecer a ausência de compreensão e a demasiada presença de julgamentos. Tenha coragem de encarar seus fantasmas, sua tristeza sempre com o melhor de si, e não permita que vençam, mas não os ignore.

Apenas aprenda a conviver com essa parte que também, é você.

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