As vezes a própria esperança desiste de habitar em você...
RELATO
I.
14/01/20
É quando você quer gritar, que você se cala... É
quando você deseja pedir ajuda, que você desiste de tentar... É quando você
tenta fugir, que você mais se entrega... Você torce para que as pessoas que te
cercam reparem, vejam que você não está bem. Podem até perceber sim, mas isso
não significa que se importam, ou que se importam, mas não como você
unicamente esperava...
Você consegue se enganar por um tempo fielmente
acreditando que está bem, que superou seus demônios e sua escuridão..., mas
esse é o pior engano de todos, porque não vão embora, não somem e por mais que
você tente e lute, se esforce em crer, ter fé... pensar positivo... De nada
adianta e sempre é o mesmo círculo vicioso: Você sempre volta pior ao início.
Sua tristeza ao mesmo tempo que dilacera você, ela
também te conforta, a sensação é conhecida então, não há o que temer. Evita
falar sobre isso, prefere o silêncio reconfortante da desculpa ao simplesmente
comentar sobre... Aos poucos os velhos hábitos te incorporam ao ponto de você
se perder em si mesmo. A imersão ao abismo interno é tão sutil que chega a ser
doce, você até sorri diante desse horror romantizado...
As palavras, as músicas... as lúgubres imagens são as
únicas coisas, verdadeiramente, que te confortam ao ponto da representatividade,
da verossimilhança de todo o seu trajeto até o inevitável fim... Não ache isso
o fim do mundo, não... apenas encare como a realidade de muitos que como eu,
que sofrem em silêncio, preferindo a solidão muito mais acolhedora do que
achismos e julgamentos vazios.
A tristeza é uma beleza que sorri, musa inspiradora de
tantas artes e vislumbres inimagináveis, é o complemento de uma vida bem
vivida, de um coração puro partido em pedaços, de uma alma infiel e perdida...
A tristeza é confortável ao ponto de não querer mais que vá embora, o costume é
inadiável. Ela vive em você e você, morre por ela. Isso é lindo, quando não se
tem mais alternativas.
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